domingo, 13 de setembro de 2009

Dia 5: Villamoros de Mansilla - Ponferrada

Dia de azares!

O Zé Pedro furou pouco depois de sair do albergue, a sorte foi que havia uma loja de pneus logo do outro lado da estrada. Depois de montar um maravilhoso Michellin de 15€ a Litespeed ficou como nova e seguimos rumo à cidade de Leon.


Na entrada de Leon parámos para ajudar duas italianas que levavam as bicicletas à mão pelo passeio. Ficamos a saber que tinham alugado duas bicicletas em Roncesvalles para fazer o caminho e quando tiveram o furo não sabiam trocar a câmera de ar… tiveram sorte porque o Zé Pedro deu-lhes uma daquelas aulas que todos já tivemos a sorte de ter.


Em Leon visitámos a bonita Catedral no centro histórico e quando estávamos prontos para seguir o caminho, o Luís com olho de lince encontrou uma “mama” prestes a rebentar no pneu do Jorge. Lá tivemos de procurar uma loja de bicicletas para o Jorge comprar um pneu novo e eu aproveitei para comprar umas botas Shimano porque as minhas estavam demasiado apertadas desde o inicio do caminho.



Com estes contratempos todos tínhamos pouco mais de 20 km quando parámos para almoçar. O resto da tarde foi feito num ritmo bastante alto até Astorga, que fica situado no final da meseta central e é porta de entrada na cordilheira cantábrica que nos separa da Galiza.

O final da tarde foi feito a subir até aos 1500 m numa subida bastante longa e gradual que nos levou até à Cruz de Ferro. Depois teve inicio uma descida espectacular para Ponferrada, onde Zé Pedro rasgou uma das bolsas do alforge e eu dei uma queda que embora pouco aparatosa, me deixou com bastantes dores no ombro. Foi mais de 1 hora a descer e eu só depois de cair é que reparei que o curso da minha suspensão tinha deixado de existir :(



Ficámos a dormir no albergue de Ponferrada, que serviu de acampamento base para a grande subida que iria ser feita no dia seguinte ao Cebreiro. O Albergue é um verdadeiro luxo, tem um pátio interior com pequenas fontes, onde os peregrinos podem descansar ao som de música relaxante.


Tempo: 10h / Dist: 119 Km / Desnível: 1576 m

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dia 4: Hornillos del Camino - Villamoros de Mansilla


Foi dia de percorrer um trilho levemente ondulados parecido com o nosso alentejo. Houve apenas uma subida mais complicada (não me lembro agora nome), mas rapidamente voltamos ao constante sobe e desce.

Nesta zona de Espanha entre as 14h e as 17h as temperaturas são tão altas que parece que estamos a pedalar no meio do deserto. Foi no meio desse deserto que tivemos a pior experiência desta peregrinação, tivemos de atravessar de forma bastante penosa dezenas de km's em calçada romana que com o tempo ficou desfeita em pequenos seixos.



Foi das piores experiências que já tive em cima da bicicleta, ter de suportar horas a fio de porrada na estrada de berlindes, como foi batizada pelo Luís. O Zé Pedro liderou estoicamente o pelotão e no final revelou que teve uma experiência transcendente. Posso assegurar que esta etapa, mesmo sem grandes subidas, foi unanimemente considerada a pior de toda a travessia.



Tempo: 10h30m / Dist: 140 Km / Desnível: 1115

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dia 3: Nazarrete - Hornillos del Camino

O dia começou com estradões de terra a cortar extensos campos de vinha da região de Navarra, o ritmo foi bastante alto e passado alguns km já estávamos a entrar na região de Leon y Castilla.


Perto das 12h paramos na praça da igreja de San Domigos de la Calzada para meter qualquer coisa na barriga. Depressa tivemos de voltar ao caminho, para um dia em que a média de velocidade foi bastante alta.

descanso à sombra

Durante o dia houve apenas 2 subidas dignas de registo, a primeira e maior na serra de la Oca, onde parámos para comer e beber pois o calor estava abrasador.





e a segunda mais técnica, antes de descer para Burgos.



Tempo: 9h45m / Dist: 140 km / Desnível Acumulado: 800m

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dia 2: Huarte - Nazarrete

No início do dia passamos por Pamplona, onde se realizam as famosas largadas de touros nas festas de São Fermin. Logo após a saída de Pamplona começou a maior subida do dia, até ao Alto del Perdon que tem uma vista magnífica para os Pirenéus.




O caminho mais a frente entra num sobe e desce contínuo com algumas rampas de terra a terem de ser feitas a pé. Foram mais de 20km, lentos e com um efeito bastante desgastante.



Por fim lá chegámos a Estella, onde fizemos uma paragem para almoçar (umas sandes). Depois do almoço houve uns estradões que deu para rolar uns bons Km's a uma média perto dos 30km/h, nunca sem ter algumas rampas a intercalar e um calor horrível a apertar.


Ainda deu para conversar com um simpático casal, que embora com idade para serem nossos avós,  estavam a fazer o caminho a partir de Nante numa bicicleta tandem.



Quando chegámos a Logroño, os albergues estavam mais uma vez lotados, o que deu direito a 12 Km adicionais.

PS: Esta mensagem é sobre o dia de ontem, porque está a ser complicado escrever os relatos.

Tempo: 10h / Dist: 124km / Desnível Acumulado: 1950m

domingo, 6 de setembro de 2009

Dia 1: St Jean Piet de Port - Huarte

O dia estava bom quando chegamos a St Jean Piet de Port, fomos pedir as nossas credenciais de peregrinos e paramos para almoçar umas baguetes num café com uma bela vista para os Pirenéus.



Já passava da 13h quando começamos a longa subida que nos separava de Espanha, que foi feita a doer mas cada Km vale o suor, pois a paisagem é simplesmente soberba. Depois de cerca de 2h45 chegámos a Roncesvalles, uma vila enterrada bem no meio dos Pirenéus e que deu apenas tempo para comer mais uma sandes. Na saída de Roncesvalles um engano no sentido da estrada, rendeu 1 hora de atraso com mais de metade a subir de volta para a vila.






Na "descida" que nos leva até Pamplona tivemos mais alguns contratempos, eu parti um dos suportes do alforge, o Jorge teve uma queda e partiu o GPS e o Luís rasgou um dos sacos do alforge.

No final do dia tivemos de fazer 15km adicionais porque a povoação onde decidimos ficar tinha os dois albergues lotados.

Acabamos por ficar em Huarte, às portas de Pamplona, onde apenas houve força para jantar e aterrar na cama.

O Zé Pedro fez anos hoje e a prenda foi um belo "empeno" nos Pirinéus.

Etapa: 70km, Desnível acumulado: 2100

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Caminho Francês


Após mais de 1 ano e meio parado e com a barriga já a incomodar, resolvi tirar a bicicleta da arrecadação e começar a treinar. Tudo começou no inicio de Agosto, tinha regressado de férias do Algarve e decidi voltar a fazer o Caminho de Santiago, desta vez pelo caminho Francês.

A partida estava marcada para o dia 4 de Setembro, pelo que tinha pela frente o difícil objectivo de conseguir ficar em forma no curto espaço de 1 mês. Os primeiros treinos foram pequenas amostras das voltas do passado, mas enfim é assim a vida e com os dias a passar lá fui ganhando pulmão para o que me esperava.

O dia chegou, daqui a umas horas vamos “embarcar” no Sud-Expresso caminho de Hendaye e assim que chegarmos a França, apanhamos um comboio de ligação até St Jean Piet de Port que é uma pequena aldeia na base dos Pirenéus Franceses. Amanhã lá para a hora do almoço já vou estar a subir os Pirenéus na companhia do Zé Pedro (guru organizador), do Luís Mafra e Jorges Santos.






O objectivo é fazer a distância que nos separa da catedral de Santiago de Compostela em 8 dias e eu vou tentar manter aqui um relato dos pormenores mais importantes de cada uma das etapas.