segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Dia 13: Izaba - Arizkun

Etapa longa com chegada já sem sol a Arizkun. Não tive tempo nem paciência para actualizar o blog, fica para quando voltar a Lisboa.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dia 12: Hecho - Isaba

Dia curto antes da etapa de 112 km que temos amanhã pela frente.

Começamos o dia com o Luis a ter de reparar o suporte dos alforges que voltou a partir-se pela terceira vez.

A primeira subida de hoje é feita metade por alcatrão, metade por um estradão com umas rampas finais bastante inclinadas, só possíveis de fazer em 1-1 a muito custo.

Depois tivémos uma descida por um trilho pedrestre com muito calhau solto, que torna impossível fazer o caminho sentado na bicicleta. Foi uma hora e meia a descer com a bicicleta à mão, um percurso que em situação normal demoraria menos de 30 minutos a concluir. No final da descida emcontrámos o João (companheiro de viagem que vive em Barcelona), perdido e preocupado porque tinha andado fora do trilho durante bastante tempo e visto pegadas de urso por onde passou. Definitivamente esta parte do caminho é de evitar e fazer a ligação pela estrada de alcatrão que liga Hecho a Ansó.

Almoçamos todos juntos em Ansó, num restaurante que demorou mais de meia hora a trazer para a mesa uns bocadilhos de lomo, ainda falamos nós mal do Alentejo...

A parte da tarde teve uma subida lindíssima por estrada no canyon que liga a provincia de Aragão a Navarra. Depois foi descer por estrada para Isaba, uma povoação que fica junto à fronteira de Navarra com França.

Dia 11: Aurin - Hecho

Dia sem grandes pontos altos, fizemos no total 3 subidas médias, que foram mais exigentes devido ao calor abrasador que se fez sentir durante o dia, houve alturas em que medimos 43 graus.

Passámos por várias aldeias em perfeito estado de conservação, com a maioria das casas construídas em pedra e com igrejas típicas desta zona de Aragão.

Tivemos outra vez de racionar a água, porque o comércio nas aldeias está fechado, não se vê ninguém nas ruas e as fontes não são de água potável. Por fim lá encontrámos um café na última aldeia por onde passámos, que embora estivesse fechado porque estava a ser pintado, a dona aceitou servir-nos mas só se fosse na rua.

Por fim lá chegámos a Hecho num troço final em alcatrão com o Luis na cabeça do pelotão. Pouco depois começou a chover, nuvens negras cobriram o vale e em poucos minutos estava a trovejar e a cair granizo em grande quantidade. Foi uma sorte o temporal não nos ter apanhado quando estávamos num dos cumes, mas é este o tempo nas grandes montanhas e temos de estar preparados para isso.

Dia 10: Escalona - Aurin

A primeira parte do dia é feita a subir o canyon de Anisclo, numa estrada escavada na rocha por prisioneiros da guerra civil espanhola. O canyon é de uma beleza rara e um espetáculo natural para quem o atravessa ao longo do rio, que ao longo de milhares de anos, sulcou vales profundos onde o sol quase não chega a entrar. O que torna o canyon ainda mais impressionante é o facto deste não ser árido, mas sim habitado por um grande ecosistema de flora e fauna.

Paragem para almoçar num restaurante na localidade onde pelo plano inicial deveríamos ficar a dormir, mas como dicidimos fazer 3 etapas em 2 dias, comemos e lá voltamos a montar nas bicicletas para mais uma sessão de 7 ou 8 horas de pedal.

A tarde foi longa com uma subida acima dos 1800 metros, por um caminho florestal com piso bastante irregular e sem grandes pontos de interesse. Esta subida foi massacrante quer fisicamente quer psicológicamente, porque são demasiadas horas a pedalar com o corpo dorido dos dias anteriores. Enquanto subia só me lembrava do homem no restaurante a dizer "Para Senegue podem ir pela estrada que é uma subida de 12 km e depois é sempre a descer...". Enfim podíamos ter optado pelo alcatrão, mas não era a mesma coisa, nem foi essa a razão da nossa vinda aos Pirinéus.

Após cerca de 6 horas com o calor a apertar e já a racionar a água, entrámos num planalto verdejante onde encontrámos dois pastores que amavelmente nos ofereceram água. Em conversa com os pastores ficámos a saber que "só" faltava fazer um pequeno cume há nossa direita, quando olhámos com atenção verificámos que era uma serra de Sintra com rampas Pirinaicas a subirem abruptamente caminho ao topo.

Depois de atingido o cume houve uma descida longa e dura, cheia de lama sulcada pela passagem de carros e vacas, que teve de ser feita a pé em algumas partes.

Terminámos em Aurin com o tempo de 10 horas e 48 minutos, na terra que acolhe a famosa prova quebrahossos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Dia 9: Ponte de Suert - Escalona

Dia muito longo e duro que resultou em 10h30 a pedalar.

Hoje saímos com o plano de fazer a etapa de hoje e metade do que estava planeado para fazer amanhã, com o objectivo de em 2 dias fazermos 3 etapas do planeamento inicial.

Entrámos na província de Aragão por trilhos de muita pedra solta, que embora não muito inclinados, nos fazem sentir todos os ossos que temos doridos do nosso corpo. O percurso segue maioritariamente por caminhos florestais onde predomina o verde dos pinheiros e o branco e amarelo de inúmeras flores que vão colorindo o nosso caminho.

Após 3h30 de subidas progressivas que nos levaram até uma cota de 1500 metros, avistámos a vila de Saria lá em baixo no sopé de montanhas muito altas com os cumes ainda cobertos de neve. Tirámos umas fotografias e iniciámos uma descida rápida por um trilho técnico e divertido.

A meio da descida furei o pneu de trás, o Maxxis Crossmark ganhou bolhas e uma dessas bolhas foi furada por uma pedra. Perdemos alguns minutos para meter uma camara de ar e prosseguimos.

Em Saria parámos para almoçar num café que já está habituado a receber o pessoal das bicicletas, até tem um cabide com indicação para pendurar os camelbak. Ficámos a saber que o percurso de uma prova de 3 dias, o Pirinés Epic Trail, passa por aqui e que o café é um dos vários pontos que serve de posto de controlo para os sportid. A senhora do restaurante serviu-nos amavelmente o habitual pão com presunto e queijo, e uma pizza que dividimos entre nós.

Na descida o João, um dos portugueses que vive em Barcelona, juntou-se a nós para almoçar. Ele agora está a fazer a travessia a solo, porque o amigo no inicio da etapa anterior, ficou sem mais dias de férias e como tinham planeado voltou de autocarro para Barcelona. Avisámos o João que hoje não íamos seguir o guia e que o objectivo era ir dormir a Escalona. Como o nosso ritmo é mais rápido que o do João, despedimo-nos na saída do restaurante e ficou combinado que ele também iria tentar chegar a Escalona.

Até ao fim do dia tivemos de subir duas vezes até aos 1500 metros, por um caminho florestal que teve rampas com inclinação bastante acentuada. A subida foi longa e dura mas como sempre a vista no topo é fenomenal. A ligação entre as duas passagens aos 1500 metros é feita por um trilho estreito e técnico onde o sol tem dificuldade em penetrar, sem a luz clara do dia o caminho fica com um ambiente sombrio e inóspito.

A descida final termina em Escalona onde chegámos após 10h30, esfomeados e fisicamente bastante desgastados. Uma hora e meia depois chegou o João que se juntou a nós para Jantar.

domingo, 19 de junho de 2011

Dia 8: Torre de Cabdella - Ponte de Suert

A etapa começa como sempre a subir por alcatrão, que é bom para aquecer e acelerar o ritmo. Pouco tempo depois entramos num trilho para o Col de Oli, que tem indicado que o percurso de bicicleta tem a duração de 15 minutos. No entanto, o trilho de terra com muita pedra solta começa a fechar, ao ponto de termos de estar continuamente a desmontar, até que aparecem grandes subidas apenas transitáveis a pé, ou com a bicicleta às costas. Os 15 min transformam-se em mais de 1 hora que de bom só teve as partes onde era possível andar em cima da bicicleta, porque o piso é trilhado numa pedra laranja argilosa com uma aderência fora do normal.

A descida também foi feita à mão ao longo de um trilho pedestre complicado e em algumas partes até algo perigoso. Termos de levar a bicicleta à mão com os alforges só complica. No final foram cerca de 2 horas para fazer uns míseros 15 km's!

Parámos numa pequena aldeia para almoçar, mas como em muitas outras em que passámos nos últimos dias, estão abandonas ou sem qualquer comércio a funcionar.

No final da etapa houve uma subida depois da aldeia de Sas, muito lenta e dura devido à brita que foi colocada no piso.

Ficámos a dormir em Ponte de Suert, que é uma cidade com alguma dimensão, provavelmente devido ao comércio relacionado com a estância de esqui Boì Taul e as visitas guiadas ao parque natural. Aproveitámos para comprar um pneu novo para o Jorge.

Amanhã saímos da região da Catalunha e entramos em Aragão.

Dia 7: Llavorsi - Torre de Cabdella

Saímos de Llavorsi por estrada e pouco depois iniciámos a subida que nos iria levar acima dos 2200 metros...

A primeira parte da subida e feita em alcatrão até uma pequena vila no sopé da montanha. Depois a subida passa a ser feita por um longo caminho florestal, sem rampas de grande inclinação e piso em boas condições. A dificuldade da subida acaba por ser a sua extensão, perde-se a conta ao tempo e aos km's percorridos, pois o trilho é ladeado por pinheiros que raramente deixam observar o caminho já precorrido.

Passado cerca de duas horas, a temperatura começa a descer e toda a vegetação à nossa volta se encontra muito mais húmida, os efeitos da altitude começam a fazer sentir-se e pouco depois entramos num manto de nuvens com a neblina a obrigar o grupo a andar todo junto.

Uns km's mais à frente, a floresta de pinheiros vai perdendo densidade, até que é substituída completamente por arbustos e vegetação rasteira. Estamos a entrar na alta montanha e sem a proteção das árvores, a temperatura cai bastante, ao ponto de começar a ficar frio.

É então que chegamos a um pequeno planalto lindíssimo, com cavalos selvagens a pastar ao longe, um abrigo de montanha junto ao trilho e uma paisagem com montanhas a perder de vista. Fazemos aí a nossa primeira pausa para comer e vestir roupa mais quente, manguitos, pernitos e Impermeável.

A subida continua para lá dos 2000 metros de altitude e a paisagem muda por completo, passa a haver apenas rocha coberta por alguma erva que serve de pasto para o gado. Nesta zona olhamos para cima e dá para ver o trilho escavado na rocha, seguir por longas rectas a serpentear montanha acima, a progressão é dificultada pelo vento forte e pela irregularidade do terreno.

Ao fim de 4 horas de subida atingimos os 2285 metros de altitude, que é o ponto mais alto do caminho por onde seguimos, para além daqui apenas é possível continuar por trilhos pedrestres. A visão é arrebatadora com a montanha a estender-se imponente em todo o seu esplendor para lá dos 3000 metros, é grande com alguma neve junto ao cume e riachos a escorrer encosta abaixo.

Prosseguimos por um caminho que contorna a montanha, o desnivel não é acentuado mas é difícil pedalar, não sei se devido ao vento, à altitude, ou ao desgaste que as pernas já tiveram para chegar aqui. Cruzamo-nos com umas vacas açaimadas, das quais eu faço um filme com o comentário que são o terror porque mordem que nem cães e imediatamente a seguir surge um grupo de veados que são logo baptizados de bambis assasinos :)

Depois de contornada a montanha, fazemos uma última paragem para observar as montanhas que teremos pela frente amanhã e o trilho que desce a pique para a pequena aldeia, Espui, que fica lá bem em baixo no sopé das montanhas. O trilho é bom e bastante rápido, descemos a grande velocidade e passado 30 min já estamos entrar no alcatrão que nos leva até as casas. Descemos mais um pouco a estrada e vamos pernoitar em Torre de Cabdella.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dia 6: El Pla de St Tires - Llavorsi

Uma etapa sem grandes pontos altos, tivemos uma subida de 4 horas maioritariamente por trilhos de terra batida, que depois das duas etapas anteriores, não cria grande exaltação (estamos a ficar mais exigentes).

No final da subida parámos numa estância de esqui de fundo para almoçar, que embora parecesse estar fechada, lá nos serviu umas belas Botifarras.

Na descida que durou mais de 1h30 a concluir, o Jorge furou o pneu de trás num troço cheio de xistos soltos que pareciam facas. Remendou-se o pneu sem grande demora e lá seguimos para Llavorsi, localidade onde vamos dormir.

Fotos Travessia

Vou passar a publicar as fotos apenas no meu perfil do Facebook.

Dia 5: Bagà - El Pla St Tires

Apesar das previsões de trovoada para toda a cordilheira dos Pirineus, o dia amanheceu com sol e poucas nuvens. No entanto, como temos previsão de chuva pela frente e em Bagà existe uma estação dos correios, resolvemos enviar as tendas para casa. Acabámos por despachar as 3 tendas e outras tralhas que não estavam a ser utilizadas, tendo ao todo ficado em Bagà cerca de 10kg de material!

O dia de hoje foi puro divertimento, tivemos para começar uma subida de 3 horas por um trilho florestal dentro do parque natural da Pedraforca, que vai subindo gradualmente ao longo de um vale ladeado por encostas rochosas escarpadas, de uma beleza e magnitude, que nos torna pequenos no meio daquele fenómeno geológico. Em dias como este não são precisos mapas para ter noção da distância e desnível percorrido, pois nunca perdemos o contacto com a vila de onde partimos, que se vai tornando pequena à medida que nos vamos afastando.

Depois de chegarmos ao topo, percorremos alguns caminhos escavados na rocha que outrora eram utilizados na actividade mineira e para fechar uma da grande descida por um single track bastante técnico que desce por um vale na direcção oposta por onde tínhamos subido. Só ao fim de 4 horas é que voltámos a ver uma construção feita pelo homem ao entrar numa estrada de alcatrão. A descida pela estrada serpenteou ao longo do vale e passou por duas aldeias perdidas no tempo, com casas construídas em pedra, ruas estreitas em calçada e traçado medieval com a igreja no centro da povoação. Aproveitámos para comer umas sandes e abastecer de água em Tuixent.

Mais à frente e já perto do final da etapa, houve uma subida por estrada com curva e contra curva num alcatrão novinho a estrear, um autêntico prémio de montanha, com luta acesa entre os que decidiram acelerar o ritmo. Saímos na frente eu, o Luis e o Rapaz, lado a lado por algum tempo e um pouco mais à frente apenas espaçados por alguns metros sem perdermos o contacto visual. Eu perdi alguns segundos para tirar uma fotografia e fui em perseguição durante largos minutos, até que no final, já com a "meta" à vista, consegui passar para a frente e chegar primeiro. Ainda faltam 10 dias, mas nestas subidas é impossível gerir o esforço e ter uma aproximação racional... sendo assim eu já vou com 2 prémios de montanha, este e a subida de ontem na Molina :)

O dia acabou connosco a pedalar debaixo de chuva, granizo e trovoada, na estrada que liga Lerida a Andorra. Depois de fazermos o check-in num hostal, a chuva parou e voltou o sol brilhar, enfim é este o tempo que vamos ter nos próximos dias.

Comentário do dia de ontem na La Molina: O Jorge disse subiu numa relação 3/4 nas rampas mais inclinadas, como nós subimos em 1/1 (mais leve) ficámos baralhados e perguntámos como era possível, ao qual o Jorge responde, "sim 3/4 mas de velocidade 3,4 Km/h".

Totais ao final de 5 dias: Distância percorrida 334 Km e 8961 m de desnível de subida acumulado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dia 4: Planoles - Bagà

De acordo com as nossas preces o dia amanheceu com sol e uma temperatura de verão.

Não houve grandes incidentes, para além de um engano no trajecto alternativo que nos foi sugerido no dia anterior por um habitante local, valeu-nos as cartas militares que o Zé Pedro trouxe com ele.

Grande parte do dia foi passado nas subidas que nos levaram ao topo da estância de esqui La Molina. De salientar a parte final num vale lindíssimo onde nos cruzamos com gado e cavalos selvagens a pastar.

Tivemos como brinde grandes descidas dentro da estância de esqui, feitas por single tracks e uma das pistas vermelhas da estância. Estas descidas foram tecnicamente exigentes, mas a beleza e singularidade do percurso fizeram esquecer por completo a dificuldade.

Depois houve o grande obstáculo do dia, já com as pernas a acusarem desgaste das subidas mais longas, subimos de novo ao topo da estância, por uma pista vermelha chamada "Montanha Mágica", que de mágico apenas tem termos conseguido subir as rampas de pedra irregular contrariando a dor nas pernas e o suor a correr em bica.

No final foi descer a grande velocidade para Bagà por uma estrada florestal com paisagens de cortar a respiração com pano de fundo e impossíveis de registar por completo com as máquinas fotográficas.

Este foi sem dúvida o dia que eu gostei mais, embora até agora tenha sido sempre a melhorar a cada dia que passa.

Acabo o dia cansado e com algumas dores musculares. Começo a ter alguma dificuldade em escrever o diário da viagem, parece-me que daqui para a frente, a escrita vai ser cada vez mais telegráfica.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Dia 3: Villalonga de Ter - Planoles

Choveu a noite toda com grande intensidade e hoje de manhã quando acordámos, o deus da montanha, como foi baptizado pelo Luis, continuava a soltar a sua ira.

A rotina matinal foi a mesma de sempre, que com o passar dos dias começa a ser um processo cada vez mais optimizado, embora hoje a roupa tenha de ser outra devido à chuva. A montagem dos alforges foi feita ao som de uma trovoada forte e com a roupa a pingar, mas o que nos preocupava a sério era o facto de termos pela frente uma subida que iria demorar várias horas, sem saber se conseguíamos passar a montanha para o lado de lá devido ao temporal. O Zé Pedro resolveu questionar o dono do hotel e a resposta foi lacónica "nem pensem em subir porque todos os anos morrem para ai umas 8 vacas electrocutadas pelos raios.

Tivemos assim de optar por uma variante que contornava a montanha por outro lado. A subida mesmo com menos uns 400 metros de desnível que o original, teve umas rampas duras que custaram a passar. Pelo caminho, passámos por um refugio de montanha adormecido num pequeno planalto, onde decidimos fazer a primeira paragem para comer.

Depois foi descer por trilhos técnicos lindíssimos que fazem a alegria de quem gostar de usar pouco os travões, que só abrandou quando fomos bloqueados por uma manada de quase uma centena de vacas.

Sensivelmente a meio da descida fizemos uma nova paragem para almoçar numa aldeia serrana com vista panorâmica para as montanhas verdejantes. O nível de esforço que as montanhas e os alforges impõem, estão a transformar o nosso grupo num bando de famintos que onde para devora a comida que houver em quantidades industriais.

No final de uma grade descida, como diz o ditado, vem sempre uma grande subida, que por ser a segunda do dia foi feita em marcha lenta ao ziguezague por rampas de grande inclinação. Para abrir o apetite para esta subida, a aproximação foi realizada ao longo de vale cavado no meio de altas montanhas, que segue lado a lado com a linha de comboio para Núria.

Quando nos encontramos perto do cume, num estradão que rasga a montanha sensivelmente a cota constante, volta a cair uma carga de água acompanhada por trovões de meter respeito. Não tínhamos opção para além de pedalar o mais rápido possível para vencer o desnível que faltava e o final da subida foi feita a contar os segundos entre o relâmpago e o trovão. Finalmente chegámos ao alcatrão que nos ia levar montanha abaixo em direcção a Planoles, mas mesmo essa descida foi complicada, porque estávamos encharcados e a velocidade fazia sentir o vento penetrar o Impermeável e baixar a temperatura corporal. Por fim lá conseguimos chegar ao parque de campismo onde nos abrigámos na recepção.

Mais uma vez não montámos as tendas porque estava muito mau tempo, se continua assim ainda mandamos as tendas para Lisboa.

Amanhã temos uma grande subida á estância de esqui La Molina, espero que o tempo ajude porque vamos andar acima dos 2000 metros.

domingo, 12 de junho de 2011

Dia 2: Albanyà - Villalonga de Ter

Entrada nos Pirineus

Contrariamente ao previsto, hoje o dia acordou com boa cara e nós levantámo-nos mais tarde que o normal para dar tempo de secar roupa. Depois foi arrumar o material dentro dos sacos, montar os alforges e tomar o pequeno almoço no café do parque de campismo.

Quando nós ainda estávamos  a começar a arrumar as nossas coisas, vimos os nossos amigos Portugueses montados nas bicicletas a iniciar a etapa, temos de dar mérito ao esforço  destes dois rapazes.

O dia hoje foi fantástico, com subidas a demorar horas e paisagens indescritíveis. A primeira subida sobe por estradões em terra e cimento, sempre com a aldeia de onde saímos em linha de vista, à medida que vamos ganhando cota.

Ligo a seguir tivemos uma bela descida, que termina numa garganta rasgada por um rio, que com o passar dos anos formou na rocha inúmeras piscinas naturais. A meio da descida o meu saco estanque saltou de cima dos alforges e os elásticos que os prendiam enrolaram-se nos raios e na cassete da roda de trás, por sorte não deu direito a queda e não danificou o material. Pelo caminho passamos pelos outros Portugueses que nos confessaram que o dia estava a ser complicado.

Na parte da tarde, tivemos pela frente uma subida de 45 km que atravessa o vale de Bac num progressivo sobe e desce sempre em ascensão. Esta subida é feita maioritariamente por estrada, com algumas rampas de cimento com inclinação superior a 15%, onde o Zé Pedro lança a frase "quando virem cimento é mau". Em boa verdade, estas rampas são uma prova dura, para quem as ousa ultrapassar de bicicleta com o peso dos alforges a empurrar no sentido contrário.

Acabámos numa pequena vila no sopé de uma estância deve esqui com o céu coberto de nuvens cinzentas a ameaçar chuva. Nesta zona corre água por todos os cantos e os telhados das casas começam a ser mais inclinados para se protegerem do peso da neve. O dia foi bastante cansativo e esta noite vamos dormir com a montanha de amanhã lá no alto envolta num manto de nuvens.

74km, 7h45, 2100d+

Dia 1: Llança - Albanyà

Dia longo e atribulado

O despertador tocou o alarme, pouco passava das 6h30 (hora local), foi tomar o pequeno almoço no hotel e sair para apanhar o comboio para Llança. O Zé Pedro esteve a tentar ligar o GPS que ontem tinha caído ao chão, mas nada feito, paciência ainda temos mais 2 com o track carregado.

O comboio tinha uma carruagem com zona para arrumar as Bikes, onde se agruparam vários grupos de ciclistas, havia de tudo um pouco, um ia fazer os Alpes em bicicleta de estrada, um casal ia apenas passear durante o fim de semana, 1 rapariga a solo que não fez conversa e 2 portugueses, que trabalham em Barcelona e também estavam a iniciar a transpirinaica.

Chegámos a Llança ao meio dia, tirámos uma foto de grupo da praxe e parámos logo a seguir para almoçar. O almoço foi tranquilo e nas calmas, onde deu para comer uma bela tortilha dentro de uma sandes de tomate e falar com os nossos conterrâneos. O João e o Pedro contaram-nos que era para terem saído de Barcelona às 7:00, mas como um deles esteve a passar música até de madrugada, acabaram por apanhar o mesmo comboio que nós, isto enquanto o DJ fumava o seu cigarro e bebia uma canha...

Às 13h em ponto estávamos a começar a nossa travessia com exactamente uma manhã de atraso. Na primeira subida fiquei logo sem as três mudanças mais leves do desviador de trás, toca a desmontar a roda e trocar o dropout que estava empenado. Após a troca do dropout as mudanças ficaram uma maravilha e podemos retomar a travessia (o que um desvio de milímetros pode arruinar...). Logo a seguir encontramos os nossos amigos Portugueses, que tinham saído do restaurante primeiro que nós e seguiam numa marcha lenta porque o DJ ia empurrar a bicicleta à mão subida acima. Afinal apenas o que ia à frente é que irá fazer a travessia completa, o mais lento estava a pensar (sonhar) em acompanhar o colega.

O resto do dia foi feito num bom ritmo pois o objectivo era esticar o dia de forma a ir dormir onde estava inicialmente planeado. O trilho é feito por caminhos mistos de terra, cimento e alcatrão e a partir de meio começa a subir e serpentear nas primeiras montanhas da cordilheira dos Pirinéus.

Tivemos algumas subidas não muito longas, que deram para ter aclimatar as pernas para o que está para vir. Ao fim de 7h45 lá chegámos a Albanyà e demos descanso às máquinas. O pior foi mesmo não termos conseguido encontrar nada para comer pelo caminho e termos chegado esgalgados de fome ao parque de campismo,

No parque de campismo montámos as tendas enquanto o Luis e o Jorge arranjaram o suporte dos alforges que se tinha partido e fomos tomar banho e lavar a roupa.

Para terminar jantámos um belo repasto no restaurante do parque e não é que a meio entrámos em alucinação colectiva e vimos os nossos amigos portugueses entrar no restaurante. Incrível, estavam a chegar e tinham conseguido concluir a primeira etapa! Eu agora podia dizer que o dia nem foi difícil, mas isso não aconteceu, pois houve muitas subidas e a verdade é que o nosso amigo DJ, a empurrar ou sentado em cima da bicicleta lá acabou a etapa 1 da travessia.

7h45, 70km, 13km/h, 1600 d+ 

sábado, 11 de junho de 2011

Viagem Partida

Hoje tal como combinado, fizemos os últimos preparativos à porta da casa do Zé Pedro e despachámos as caixas com as bicicletas e bagagem à hora prevista.

No entanto, cedo nos apercebemos que o voo da Vueling para Barcelona estava atrasado e que iríamos ter esperar algumas horas porque o nosso avião ainda nem sequer tinha saído de Barcelona.

Com o tempo de espera a arrastar-se, acabámos por tomar o pequeno almoço, almoço e lanche nos cafés e restaurantes do aeroporto. No final, o nosso voo sofreu um atraso de 5 horas, o que nos impediu de cumprir o plano estipulado e tivemos de marcar hotel em Barcelona porque já não dava para chegar a Llança.

No aeroporto em Barcelona, depois de montarmos as nossas burras de carga, saímos a pedalar já de noite em direcção ao hotel. Os acessos para sair do aeroporto estão de tal modo mal feitos, que nós para chegarmos à estrada nacional, tivemos de fazer um pequeno troço de auto-estrada.

Acabámos por chegar ao hotel depois das 23h e mais uns minutos já nem o bar do hotel nos servia uns bocadilhos de jamon.

Amanhã vamos sair mais cedo para ver conseguimos recuperar o atraso de hoje.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Travessia dos Pirenéus


Amanhã estou de partida para mais uma grande travessia de bicicleta e desta vez o desafio é bem maior que os anteriores, pois para além de serem 15 dias a pedalar, iremos ter de superar o desafio imposto pelo reino da montanha.

O Zé Pedro mais uma vez lançou o repto, e eu, o Luís Mafra, o Nuno Rapaz e o Jorge Fernandes, no final do ano passado, começámos a sonhar e a planear a travessia dos Pirenéus.

O percurso percorre toda a cordilheira dos Pirenéus, desde o mar Mediterrâneo, até ao golfo da Biscaia no Oceano Atlântico, ao longo de 977 Km de montanhas e vales, com um total de 24.769 metros de subida acumulada.

Mais uma vez irei tentar manter um registo diário das etapas aqui no blog, se não for vencido pelo cansaço, chuva dentro da tenda, ou falta de rede no telemóvel :)



sexta-feira, 27 de maio de 2011

7 dias, 7 empenos

Na edição de Janeiro de 2010, a Bike Magazine publicou uma reportagem de 3 páginas escrita pelo Luís, onde ele descreve os 7 dias e 7 empenos, tal como foi baptizada a travessia pelo Zé Pedro. 






Resumo das etapas:Etapa# : Partida - Chegada (Distância; Ascenção Acumulada) 
Etapa 1 : St Jean Pied de Port - Huarte (70km; 2100m)
Etapa 2 : Huarte - Nazarrete (124km; 1950m)
Etapa 3 : Nazarrete - Hornillos del Camino (140km; 800m)
Etapa 4 : Hornillos del Camino - Villamoros de Mansilla (138km; 1115m)
Etapa 5 : Villamoros de Mansilla - Ponferrada (119km; 1576m)
Etapa 6 : Ponferrada - Sarria (94km;)
Etapa 7 : Sarria - Santiago de Compostela (120km;)

Dia 7: Sarria - Santiago de Compostela

O último dia do nosso caminho acordou nublado, a saída de Sarria foi feita por caminhos ladeados por muros de pedra, com uma neblina que atribuía um tom místico ao percurso. Os trilhos na Galiza são totalmente diferentes da meseta ibérica, têm uma tonalidade muito mais verde, sombras oferecidas por árvores de grande porte e serpenteiam sem lógica da mão humana.

Eu continuava fisicamente em baixo, porque embora sentisse força para pedalar, o corpo e os reflexos eram lentos como se estivesse meio adormecido em cima da bicicleta.

O calor teimava em não dar tréguas, com temperaturas sempre perto dos 40 graus, qualquer paragem servia para voltar a encher litros de água, beber umas Fantas e comer os saborosos Maxibons.








Ao final da tarde concluímos os últimos 120 km que nos separavam do nosso objectivo, por volta das 17 horas entrámos em Santiago de Compostela e avistámos as torres da imponente catedral. Foi com enorme alegria que entrámos na praça em frente ao pórtico da catedral e fomos receber a nossa Compostela.





Nessa noite ficámos a dormir no enorme seminário que acolhe os peregrinos oriundos de todo o mundo.




Dist: 120 Km

Dia 6: Ponferrada – Sarria

Não dormi nada a noite passada, estive constantemente a acordar cada vez que mudava de posição na cama e para piorar as coisas, não conseguia tirar da cabeça a ideia que dificilmente iria estar em condições para continuar o caminho. A queda de ontem tinha ferido um dos ligamentos do ombro e aquela dor que mais parecia o espetar de uma agulha era minha conhecida, pois uns anos antes, tinha tido uma ruptura total de um ligamento do joelho. O cenário era bastante negro, porque este tipo de lesões demoram alguns dias/semanas a sarar.

Hoje de manhã quando acordámos, como que por milagre, as dores eram bem menores, embora ainda não conseguisse levantar o braço mais alto que a altura do peito. No entanto, eu como qualquer amante desta modalidade, estava entusiasmado por saber que tínhamos pela frente uma etapa de montanha e nada deste mundo iria desviar-me da subida ao Cebreiro.

Depois do pequeno almoço fomos a uma farmácia comprar anti-inflamatórios e analgésicos que tiveram o efeito desejado, as dores passaram a "só chatear" e o braço ganhou alguma mobilidade.

A subida começa suave e o ritmo foi bastante vivo sempre no despique com o Jorge. O pior estava para vir na hora do pico do calor, pois os últimos km's têm uma inclinação considerável, deixa de haver zonas de sombra, o peso dos alforges começa a fazer sentir-se e a temperatura corporal sobe em flecha. No último troço, já com o cume em linha de vista, tive de deixar a roda do Jorge e pouco tempo depois resolvo parar numa das raras sobras para comer uma pêra e esperar pelo resto do grupo. Acabo por pedalar o último quilómetro na roda do Zé Pedro e pouco tempo depois somos presenteados com um café completamente desterrado no cimo da serra, que vive da afluência de peregrinos.

A satisfação de termos terminado a subida era tanta, que literalmente comemos e bebemos de tudo um pouco em doses industriais. Quando voltámos ao caminho afinal a subida ainda não tinha terminado e a última parte foi feita de barriga cheia a ritmo de caracol.

A parte da tarde foi feita sempre a descer em direcção à Galiza, por trilhos e caminhos de terra intermináveis, de uma beleza extrema que só a paisagem de montanha pode oferecer. Apesar da espectacularidade do caminho, os medicamentos estavam a ter efeitos colaterais, eu sentia-me como que a adormecer, o corpo começava a reagir de uma forma lenta e as dores no ombro não me deixavam desfrutar. 

Fui ao sabor da corrente durante horas a fio, até Sarria onde acabámos por pernoitar.

Dist: 94 Km





domingo, 13 de setembro de 2009

Dia 5: Villamoros de Mansilla - Ponferrada

Dia de azares!

O Zé Pedro furou pouco depois de sair do albergue, a sorte foi que havia uma loja de pneus logo do outro lado da estrada. Depois de montar um maravilhoso Michellin de 15€ a Litespeed ficou como nova e seguimos rumo à cidade de Leon.


Na entrada de Leon parámos para ajudar duas italianas que levavam as bicicletas à mão pelo passeio. Ficamos a saber que tinham alugado duas bicicletas em Roncesvalles para fazer o caminho e quando tiveram o furo não sabiam trocar a câmera de ar… tiveram sorte porque o Zé Pedro deu-lhes uma daquelas aulas que todos já tivemos a sorte de ter.


Em Leon visitámos a bonita Catedral no centro histórico e quando estávamos prontos para seguir o caminho, o Luís com olho de lince encontrou uma “mama” prestes a rebentar no pneu do Jorge. Lá tivemos de procurar uma loja de bicicletas para o Jorge comprar um pneu novo e eu aproveitei para comprar umas botas Shimano porque as minhas estavam demasiado apertadas desde o inicio do caminho.



Com estes contratempos todos tínhamos pouco mais de 20 km quando parámos para almoçar. O resto da tarde foi feito num ritmo bastante alto até Astorga, que fica situado no final da meseta central e é porta de entrada na cordilheira cantábrica que nos separa da Galiza.

O final da tarde foi feito a subir até aos 1500 m numa subida bastante longa e gradual que nos levou até à Cruz de Ferro. Depois teve inicio uma descida espectacular para Ponferrada, onde Zé Pedro rasgou uma das bolsas do alforge e eu dei uma queda que embora pouco aparatosa, me deixou com bastantes dores no ombro. Foi mais de 1 hora a descer e eu só depois de cair é que reparei que o curso da minha suspensão tinha deixado de existir :(



Ficámos a dormir no albergue de Ponferrada, que serviu de acampamento base para a grande subida que iria ser feita no dia seguinte ao Cebreiro. O Albergue é um verdadeiro luxo, tem um pátio interior com pequenas fontes, onde os peregrinos podem descansar ao som de música relaxante.


Tempo: 10h / Dist: 119 Km / Desnível: 1576 m

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dia 4: Hornillos del Camino - Villamoros de Mansilla


Foi dia de percorrer um trilho levemente ondulados parecido com o nosso alentejo. Houve apenas uma subida mais complicada (não me lembro agora nome), mas rapidamente voltamos ao constante sobe e desce.

Nesta zona de Espanha entre as 14h e as 17h as temperaturas são tão altas que parece que estamos a pedalar no meio do deserto. Foi no meio desse deserto que tivemos a pior experiência desta peregrinação, tivemos de atravessar de forma bastante penosa dezenas de km's em calçada romana que com o tempo ficou desfeita em pequenos seixos.



Foi das piores experiências que já tive em cima da bicicleta, ter de suportar horas a fio de porrada na estrada de berlindes, como foi batizada pelo Luís. O Zé Pedro liderou estoicamente o pelotão e no final revelou que teve uma experiência transcendente. Posso assegurar que esta etapa, mesmo sem grandes subidas, foi unanimemente considerada a pior de toda a travessia.



Tempo: 10h30m / Dist: 140 Km / Desnível: 1115

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dia 3: Nazarrete - Hornillos del Camino

O dia começou com estradões de terra a cortar extensos campos de vinha da região de Navarra, o ritmo foi bastante alto e passado alguns km já estávamos a entrar na região de Leon y Castilla.


Perto das 12h paramos na praça da igreja de San Domigos de la Calzada para meter qualquer coisa na barriga. Depressa tivemos de voltar ao caminho, para um dia em que a média de velocidade foi bastante alta.

descanso à sombra

Durante o dia houve apenas 2 subidas dignas de registo, a primeira e maior na serra de la Oca, onde parámos para comer e beber pois o calor estava abrasador.





e a segunda mais técnica, antes de descer para Burgos.



Tempo: 9h45m / Dist: 140 km / Desnível Acumulado: 800m

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dia 2: Huarte - Nazarrete

No início do dia passamos por Pamplona, onde se realizam as famosas largadas de touros nas festas de São Fermin. Logo após a saída de Pamplona começou a maior subida do dia, até ao Alto del Perdon que tem uma vista magnífica para os Pirenéus.




O caminho mais a frente entra num sobe e desce contínuo com algumas rampas de terra a terem de ser feitas a pé. Foram mais de 20km, lentos e com um efeito bastante desgastante.



Por fim lá chegámos a Estella, onde fizemos uma paragem para almoçar (umas sandes). Depois do almoço houve uns estradões que deu para rolar uns bons Km's a uma média perto dos 30km/h, nunca sem ter algumas rampas a intercalar e um calor horrível a apertar.


Ainda deu para conversar com um simpático casal, que embora com idade para serem nossos avós,  estavam a fazer o caminho a partir de Nante numa bicicleta tandem.



Quando chegámos a Logroño, os albergues estavam mais uma vez lotados, o que deu direito a 12 Km adicionais.

PS: Esta mensagem é sobre o dia de ontem, porque está a ser complicado escrever os relatos.

Tempo: 10h / Dist: 124km / Desnível Acumulado: 1950m

domingo, 6 de setembro de 2009

Dia 1: St Jean Piet de Port - Huarte

O dia estava bom quando chegamos a St Jean Piet de Port, fomos pedir as nossas credenciais de peregrinos e paramos para almoçar umas baguetes num café com uma bela vista para os Pirenéus.



Já passava da 13h quando começamos a longa subida que nos separava de Espanha, que foi feita a doer mas cada Km vale o suor, pois a paisagem é simplesmente soberba. Depois de cerca de 2h45 chegámos a Roncesvalles, uma vila enterrada bem no meio dos Pirenéus e que deu apenas tempo para comer mais uma sandes. Na saída de Roncesvalles um engano no sentido da estrada, rendeu 1 hora de atraso com mais de metade a subir de volta para a vila.






Na "descida" que nos leva até Pamplona tivemos mais alguns contratempos, eu parti um dos suportes do alforge, o Jorge teve uma queda e partiu o GPS e o Luís rasgou um dos sacos do alforge.

No final do dia tivemos de fazer 15km adicionais porque a povoação onde decidimos ficar tinha os dois albergues lotados.

Acabamos por ficar em Huarte, às portas de Pamplona, onde apenas houve força para jantar e aterrar na cama.

O Zé Pedro fez anos hoje e a prenda foi um belo "empeno" nos Pirinéus.

Etapa: 70km, Desnível acumulado: 2100

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Caminho Francês


Após mais de 1 ano e meio parado e com a barriga já a incomodar, resolvi tirar a bicicleta da arrecadação e começar a treinar. Tudo começou no inicio de Agosto, tinha regressado de férias do Algarve e decidi voltar a fazer o Caminho de Santiago, desta vez pelo caminho Francês.

A partida estava marcada para o dia 4 de Setembro, pelo que tinha pela frente o difícil objectivo de conseguir ficar em forma no curto espaço de 1 mês. Os primeiros treinos foram pequenas amostras das voltas do passado, mas enfim é assim a vida e com os dias a passar lá fui ganhando pulmão para o que me esperava.

O dia chegou, daqui a umas horas vamos “embarcar” no Sud-Expresso caminho de Hendaye e assim que chegarmos a França, apanhamos um comboio de ligação até St Jean Piet de Port que é uma pequena aldeia na base dos Pirenéus Franceses. Amanhã lá para a hora do almoço já vou estar a subir os Pirenéus na companhia do Zé Pedro (guru organizador), do Luís Mafra e Jorges Santos.






O objectivo é fazer a distância que nos separa da catedral de Santiago de Compostela em 8 dias e eu vou tentar manter aqui um relato dos pormenores mais importantes de cada uma das etapas.